segunda-feira, 23 de março de 2015

À minha Ilha querida



À minha Ilha querida

És minha casa
Mesmo quando habito outros ares.
És o horizonte
Onde volta e meia repousam meus olhares.

Porque mesmo quem voa
Também precisa pousar.
E você, minha Ilha Mágica
É a terra firme que escolhi para fitar.

Terra envolta por águas
Que encontra no azul de seus mares
O espelho que reflete sua verdadeira imensidão.

Ilha de poucos acessos
Que encontra na velha ponte iluminada
Os caminhos que levam ao meu coração.

Ilha das rendeiras, da lagoa,
Dos sonhos e dos sonhadores.
Ilha dos poetas solitários
Das suas poesias e de seus pescadores.

És tu, meu pedacinho de terra
O Desterro de minha vida.
É tua aquela lágrima
Que deixo cair sempre que estou de partida.

Rafael marIano
Foto por Gilliard Lach

domingo, 8 de março de 2015

Geni e o Zepelim

Geni e a família:
Dá um pano pra Geni Dá uma vassoura pra Geni. Ela é boa pra limpar Ela veio pra servir Ela é filha é mãe, é tudo em si Bendita Geni!
Geni e a rua:
Vem aqui, vem Geni Não finge que não escuta não, Geni O peito dela é bom de apalpar Vem ser safada no colo do papai aqui O corpo dela é de qualquer um... Bendita Geni!

Geni e a empresa:
Fala alto, vai Geni. Grita alto para o chefe ouvir “Ele não quer me escutar” “Ele quer me oprimir” O que faz mulher aqui? Maldita Geni!

Geni e a política:
Precisas de um homem, Geni! O que te falta é um homem, Geni! Não serve nem para estuprar Vagabunda não tem vez aqui! Lugar de mulher é no fogão... Maldita Geni!

Não é bem assim... Mas é assim! Feliz dia da Mulher!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Ah, a poesia...!



Ah, a poesia...!

Ah, a poesia!
Tão sublime e delicado gesto
De tentar traduzir o Universo
Escrever o que se sente
Dar palavras para o que não se vê.

Ah, a poesia!
Que me conecta com a vida
Que me lembra a essência do viver
E que volta a me lembrar
Sempre que em suas rimas eu permita me perder.

Ah, a poesia!
Esta ausência de tudo e presença de nada
Conexão com o nada e sintonia com tudo
Que, por trás de seus versos,
Ensina-me o que é aprender.

Ah, a poesia!
Que me tira este último suspiro
Que me deixa sem palavras
E mostra que o que há de mais sublime
Não é possível nem sequer escrever.

Rafael marIano